Num espaço próximo ao Pier Mauá, entre a Praça Mauá e o acesso ao Morro da Conceição, na Travessa do Liceu, as pessoas podem se deparar com uma espécie de museu a céu aberto. Esse é o primeiro dos dez painéis que vão retratar alguns povos do nosso continente a partir do conceito do “Abya Yala”, termo utilizado para definir o território que conhecemos hoje como o “continente americano”. Os criadores e mosaicistas, Natalia Reyes e John Souza, estão produzindo os dez painéis, cada um com 2,5 metros em média, que irão compor o mural de 30 metros.
“É o maior trabalho que fizemos na região portuária. E com certeza será o de maior impacto visual. A Travessa do Liceu é muito movimentada e, agora, aos poucos, vai se tornar um caminho muito mais agradável para as pessoas”, disse Natalia Reyes.
Com diferentes técnicas de mosaico em cerâmica, o painel conta um pouco da história dos Selk’nam: povo originário do sul da Argentina e do Chile.
Um dos criadores do projeto, o artista John Souza, conta que a ideia é apresentar uma linguagem que expresse a diversidade cultural por meio das cores e da história de um povo. O artista destaca que a repercussão do trabalho tem sido positiva.
“As lutas destes povos são muito parecidas, muito similares. É a luta pelo território, pela terra, da resistência e da existência dos povos, uma luta por reconhecimento. Cada grupo tem uma particularidade, mas o propósito sempre bate nestes pontos. Então eles abraçam o conceito do Abya Yala. É a criação de um termo simbólico para manter viva a cultura indígena da América Latina”, completou John Silva, que é morador do Morro da Conceição, no Centro do Rio.
A próxima intervenção já tem tema definido, segundo os criadores. O painel será em homenagem ao povo indígena Ofaye, que vive no Mato Grosso do Sul.
O projeto conta com o apoio da Lei Aldir Blanc, aprovada em agosto de 2020 como socorro emergencial para a setor cultural do país.