Hoje trazemos um artigo interessante publicado ontem(10/06/2021) no blog do jornal O Globo escrito por Cristiano Beraldo, Secretário Municipal de Turismo do Rio de Janeiro.
Vale a pena a leitura!
Nos restou o turismo
10/06/2021 • 18:03
Por Cristiano Beraldo
Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro – fonte Wikipedia
O Rio de Janeiro foi por quase quatro séculos o protagonista político, econômico e cultural do país. Mas, a partir da década de 1990, a cidade passou a sentir de forma mais profunda os efeitos da mudança do núcleo do poder público para Brasília e o gradual deslocamento de relevantes setores da iniciativa privada para São Paulo.
Houve, todavia, um sopro de esperança nas décadas de 2000 e 2010, quando a cidade viveu um período de muita animação com uma sucessão de grandes eventos. Fomos dos Jogos Pan-Americanos à Olimpíada passando por centenas de outros, de diferentes dimensões. Mas, infelizmente, no período pós-Olimpíada vivemos a tempestade perfeita, combinando má gestão e falta de investimentos. Com isso, boa parte do legado dos tempos de prosperidade não se consolidou numa mudança estrutural na vida da cidade e dos cariocas.
O que nos cabe agora é usar essa experiência para fazer uma reflexão profunda sobre a vocação do Rio e quais caminhos precisamos percorrer para nos recolocarmos como protagonistas no cenário nacional e internacional. A resposta mais clara e intuitiva é o turismo, mas é essencial compreender o que de fato isso significa. Dados do Banco Central indicam que em 2019 os brasileiros gastaram US$ 17,5 bilhões no exterior, ao passo que turistas estrangeiros gastaram no Brasil em torno de US$ 5 bilhões apenas. Esses números revelam o quanto temos a crescer se decidirmos entrar de fato no jogo internacional dos destinos turísticos, onde o Rio é o grande ativo nacional.
O turismo moderno se faz através da transformação de pontos de interesse em “produtos”, para que assim possamos vendê-los com mais eficiência. O Rio tem inúmeros produtos turísticos, e a atuação da Secretaria municipal de Turismo (Setur.Rio) tem sido no sentido de elaborar um plano que contemple não apenas a sua promoção, mas também a preparação da mão de obra, o engajamento da população, a limpeza e organização das áreas de visitação, a sensação de segurança, a comunicação e o resgate das preciosidades esquecidas por toda a cidade.
Igreja N S Carmo – fonte- Wikipedia
Do ponto de vista histórico, por exemplo, temos na Igreja de Nossa Senhora do Carmo os restos mortais de Pedro Álvares Cabral. Do outro lado da rua, no Paço Imperial, está a janela de onde Dom Pedro I proferiu o discurso que ficou conhecido como o “Dia do Fico”, primeiro passo para nossa Independência. Ao lado, no Arco do Teles, está a casa onde residiu Carmen Miranda. Caminhando-se por alguns quarteirões, na Avenida Passos, está o local onde o Alferes Tiradentes foi enforcado. Dentro da Catedral Metropolitana está o riquíssimo Museu de Arte Sacra. Tudo isso à disposição de brasileiros e estrangeiros, mas ainda de forma quase anônima.
Paço Imperial no Rio de Janeiro – fonte- Rio e Learn
Foram US$ 8,8 trilhões movimentados por viagens e turismo em 2018, segundo a World Travel & Tourism Council, e não há dúvidas de que o Rio tem plenas condições de voltar a ocupar um lugar de relevância mundial nesse segmento, atraindo um generoso quinhão desses recursos. Com tanto potencial natural, histórico, cultural, esportivo, de contemplação e de entretenimento, o papel da Setur.Rio é indicar os caminhos para transformarmos o turismo da cidade numa grande arma de resgate da autoestima, de crescimento econômico, de geração de empregos, de aumento da renda e de fomento ao empreendedorismo.
*Secretário municipal de Turismo do Rio de Janeiro